quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

RODRIGO ANJOS: DOS RINCÕES BAIANOS PARA AS TELAS DO MUNDO

 O ator baiano Rodrigo dos Anjos, conhecido artisticamente por Rodrigo Anjos, sem o “DOS”; nasceu em dia 09(nove) de dezembro de 1995 no Povoado de São José, zona rural do município de Pedro Alexandre - Bahia, foi criado apenas por sua mãe, a senhora Maria Rita dos Anjos; seu pai a abandonou quando ela estava no sexto mês de gravidez.

O menino sofreu na infância a ausência paterna, e pedia sempre a sua genitora para o conhecer pessoalmente. Aos quatro anos de idade, sua mãe o levou para um encontro com seu desejado pai; isso após muita insistência do menino, o encontro foi na cidade de Poço Verde, no Estado de Sergipe no ano de 2000, de lá para cá nunca mais se encontraram, seu pai é totalmente ausente.

No ano de 2002 Rodrigo assistiu pela primeira vez televisão, se encantando com a novela O Beijo Do Vampiro: “foi assim, que me encantou pela profissão de ator, e determinei que faria aquilo como profissão para minha vida, ser um ator, daí por diante não parei mais de estudar e assistir novelas, filmes e séries”. Relata.


Em 2018 Rodrigo viu Flaviano Oliveira em cena com Neuza Borges, aí veio a ideia de pedir uma oportunidade ao Flaviano, que de imediato o convidou para participar do filme “O Fio Da Meada”. No mesmo ano Rodrigo começou a fazer teatro em Aracaju - SE com o grande produtor e diretor Jorge Lins:
“foi desafiador demais para mim, pois fiquei durante dois messes indo e voltando sem ter condições financeiras quase nenhuma, mais conseguir fazer duas peças teatrais neste período e aprender bastante sobre o ofício de ser ator”. Comenta o abnegado artista.

No mesmo ano ele participou de um segundo filme “Justiça Fulminante” do saudoso Roberval Cardoso: “no mesmo dia das gravações, fui enganado por um jornalista na cidade de Simões Filho - Bahia, que fingiu está com a câmara ligada, e fez uma entrevista comigo, onde falei de minha vida e de meus planos futuros, a suposta entrevista nunca foi ao ar, recentemente descobri que tinha sido vítima de zoação”. Comenta ele com ar de tristeza.


Em 2019 Rodrigo atua em terceiro filme, “Lições De Um Salvamento” do cineasta Aderaldo Miranda, onde contracenou com o ator global André Mattos, “foi uma grata surpresa e uma experiência absolutamente inesquecível, foram dias de muito aprendizado”. Resume.

“Em 2020 decidi me dedicar a política, e candidatei ao cargo de vereador, a vitória não veio, pois tive apenas 16 votos, o que ficou foi um grande prejuízo financeiro, que até hoje tento me recuperar”. Fala ele.

Já em 2021 o insistente ator e produtor cultural levou para sua casa o cineasta Joel Àuves, de Piracicaba-SP, onde os dois artistas desenvolveram o roteiro de um filme, “A Vingança Dos Três”, levaram o projeto para a secretaria de Cultura de Pedro Alexandre, para produzir o filme na cidade, até o momento não tiveram retorno da gestão sobre o financiamento ou não da obra. “O meu parceiro no projeto Joel Àuves inscreveu o projeto na ANCINE sendo aprovado recentemente o valor de dois milhões e meio de reais, a luta agora é captar o recurso para realizar a produção”. Completa.


Amigos Do Criador” é mais um filme de 2021 no qual Rodrigo tem participação ativa, voltando ao Set de filmagens pelas mãos do diretor Aderaldo Miranda, e aproveitou o embalo e morou em Salvador por sete meses.

Emendando uma produção audiovisual na outra entre o interior da Bahia e Sergipe o ator atua no filme, “Zé da Cupira - O Cangaceiro de Poço Redondo”, do multi - artista Beto Patriota. Ainda em 2022 foi convidado para interpretar o poema "O Inventor do Nada", da autoria de Jair Júnior Moura Teixeira, com o qual concorreu ao prêmio Amâncio Mazzaropi no XVI FestiPoema Nacional da cidade de Pindamonhangaba/SP, e saiu vencedor em 2º lugar como intérprete na categoria vídeo, entre dezenas de outros intérpretes e dedicou o prêmio a sua mãe, a guerreira Maria Rita dos Anjos.

“Meu maior sonho é fazer novelas, participar de reality show, e contracenar com meus dois maiores ídolos da televisão brasileira, Laura Cardoso e Osmar Prado”. Diz ele e acrescenta: “sofro constantemente com piadas e discriminação, vinda das pessoas as quais, eu espero um apoio, mas eu sigo firme, pois tenho o apoio fundamental que é o da minha mãe, isso basta! Pra se ter uma ideia anos atrás falei para um primo, que o meu sonho era ser ator, ele respondeu ironicamente: ‘você não será um ator, e sim, um atoa’. Não disse nada, mais chorei amargamente sozinho depois”. Finaliza Rodrigo Anjos.

Contrariando seu primo, e indo em busca da realização profissional Rodrigo segue seu caminho como ator, onde já atuou em 5 filmes, alguns espetáculos de teatro e na recitação do poema, com o qual foi premiado em 2022. Diante dessas significativas conquistas ele faz questão de frisar: “Eu agradeço grandiosamente a Deus por ter me concedido a honra e o privilégio de ser filho de dona Rita, sou grato pelas orações a mim destinada, dia e noite, minha mãe é o bem mais precioso do mundo, é a minha fortaleza da minha vida, estou de pé graças a ela. GRATIDÃO SEMPRE e obrigado minha MÃE querida”!

Hoje, está com alguns projetos engatilhados, e em janeiro grava o filme “COE – Comando de Operações Especiais”, mais uma produção do cineasta Flaviano Oliveira, e participa de peças de teatro, sua persistência e coragem são gigantes, e o leva a trabalhar na perspectiva de ainda em 2023 ir morar na Capital paulista e/ou Rio de Janeiro para se especializar na profissão e assim, atuar na televisão seu sonho de infância.

Por Carlos Sett


NASCEMOS PARA BRILHAR - Texto da professora e poetisa Adalva Cordeiro

 


Sobre nós fazia brilhar o esplendor da vossa face!” Gl 4

Assim também brilhou a vossa luz diante dos homens.” Mt 5, 16

Se o brilho vem de Deus,

Então… Nascemos para brilhar!

Tudo tem seu brilho:


O sol brilha

A lua brilha

As estrelas brilham

O céu brilha

As flores brilham

As folhas brilham

As aves brilham

A água brilha

A relva brilha

A terra brilha

A natureza brilha.


Brilhe você também!

Na sua casa

No seu trabalho

No seu grupo

Na sua família

Na sua pastoral

No seu movimento

Na sua caminhada

Na sua Igreja

Na sua vida.


Brilhe em qualquer circunstância

E deixa que este brilho reflita as suas ações.

O brilho nunca acabará

O brilho está dentro de você

O brilho vem de Deus!

Por isso, onde estiveres, com quem estiveres

Deixa brilhar a sua luz:

Ela reluz o que de melhor você pode trazer,

Ela espalha sua alegria de viver e tua forma de ser e ver.

O brilho fortalece e impulsiona a viver.

Que a cada manhã você tenha a certeza de que:

Nascemos para brilhar.

Então… BRILHE!


Não precisamos apagar a luz do próximo para que a nossa brilhe.”


terça-feira, 15 de novembro de 2022

FABÍOLA LEITE – VERSATILIDADE É SUA MARCA NA MÚSICA DESDE A INFÂNCIA

 

Anna Fabíola Pereira Leite Alves, ou majestosamente, Fabíola Leite como é conhecida no meio musical e artístico, é uma cantora de voz potente e estilo diversos, nasceu no município de Salgueiro, sertão central de Pernambuco, no nordeste do Brasil, em 09 de março de 1985 - ano em que teve fim a ditadura militar, sendo eleito Tancredo Neves em Eleições Indireta; na música Grupos como Titãs, Paralamas do Sucesso, Magazine e Legião Urbana dominavam as paradas com canções que marcaram época. Os brasileiros assistiram na TV minisséries baseadas em romances nordestinos: Tendas dos Milagres de Jorge Amado e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

“Leite é o sobrenome do meu pai, ele foi um fabuloso músico, e seus irmãos também, na realidade, meu avô era sanfoneiro, e foi passando os talentos musicais de geração em geração, por isso tenho orgulho de ser quem sou e fazer o que faço, pois a representatividade musical na minha família é muito forte, perpassa do sangue para alma”. Afirma ela categoricamente.

Fabíola Leite, é a 2ª filha do tecladista e cantor Florêncio Leite Alves, que era conhecido por “Boró”, e dona Maria Pereira de França Leite, tendo como irmãos Francielba, Flávia e Florêncio Júnior, além de Fabiana, fruto do 1º casamento de seu pai. A menina Fabíola, iniciou sua vida estudantil na Escola Municipal Tancredo de Almeida Neves, o ginásio, como era chamado o ensino fundamental 2, e o segundo grau, hoje Ensino Médio na Escola Estadual Methódio de Godoy Lima. “Um tempo depois que concluí o segundo grau, comecei o chamado científico no Industrial, mas só fiz até o segundo ano, e não consegui fazer um curso universitário ainda”. Pondera ela.

A presença de instrumentos musicais, cantores, cantoras e músicos na casa de seus pais, na casa de seus avós, os constantes ensaios e preparação de repertórios para shows, fizeram-na ser cantora, pois estava vocacionada a trilhar este caminho sanguíneo, sem fugir ao ditado: “filho de peixe, peixinho é”, e aos 12 anos teve início sua carreira de cantora, interpretando músicas de que estavam nas paradas de sucesso na época, gravações de Roberto Carlos, Leandro e Leonardo, Zezé de Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Mastruz com Leite, dentre outros, ao lado do pai.


“Menos de um ano que estava cantando com meu pai o repertório citado, ele me apresentou algumas músicas das cantoras Núbia Lafayette, Diana, Lila, a nossa rainha da seresta, Elis Regina e outras. Então, passei a cantar essas canções, algo inédito na região, uma criança de 13 anos estava interpretando músicas dessas consagradas estrelas, e fiquei conhecida como a menina da voz de ouro por onde me apresentava, e a gente viajava muito, virou um slogan: ‘Fabíola Leite, a menina da voz de ouro’”. Relembra.

“A herança musical da gente está no sangue, do lado do meu pai temos grandes músicos, meu avô era sanfoneiro, meus tios todos músicos, vários primos e por aí vai…” Comenta. As suas referências aumentaram, e hoje vão de Alcione a Roberto Carlos, passando por alguns artistas da nova geração como Marília Mendonça e afins. “São 11 o total de irmãos de meu pai, sendo 7 meninos/músicos. João ‘Grilo’, Zé Leite, Gregório, Francineto, Dezaneto, Cícero, e meu pai Florêncio, conhecido como Boró, na década 1980 montaram a Banda Côngruos, o meu primo César Rasec, que é bem famoso a nível nordeste e me acompanha nos shows, Cristiano da Vizzu e Diógenes, um grande cantor”. Relata ela, sobre a forte presença musical entre os familiares, lembrando que sua irmã cantou por muito tempo com ela e o pai no Trio: “Ely, Fabíola e Elba - Grupo Recordações”. Vale salientar que Fabíola, além de excelente cantora toca Clarineta, e por vários anos integrou o quadro de músicos da centenária Filarmônica Vilabelense.

Sua estreia em outra Bandas Musicais de grande porte se fez substituindo uma das back vocal de Assisão, na “Banda Nega Fogosa’, sem deixar de fazer os shows com seu pai e sua irmã, ela passou quase um ano viajando por diversas capitais com a majestade do forró, e aprendeu muito sobre o mercado musical, também atuou nas Bandas ‘Côngruos’, ‘Forró Picante’, ‘Forró Pressão’, dentre outras.

Sobre os artistas que a inspiram ela admira a história de luta de alguns, pois muitos, assim feito ela, começaram cedo e trilham caminhos bem tortuosos até alcançar o sucesso, ela segue nessa peleja. “A música em si inspira muito, acalenta, nos encoraja, nos traz vida, toda forma de arte é sensacional, pois nos transporta para histórias, lugares e sensações diversas. Mas, a minha referência maior e inspiração absoluta foi, e é meu pai, e também minha mãe, que apesar de nunca ter cantado profissionalmente, canta bem pra caramba, é afinada e sempre me ajuda bastante, ela possui diversos dons sublimes”. Detalha.

Fabíola nos diz que não é compositora, apenas possui o dom de interpretar canções, e conta pra gente um fato bem inusitado que aconteceu numa apresentação com ela e o pai no antigo coreto da Praça Sérgio Magalhães: “a gente estava se apresentando meu pai no teclado, os músicos cada uma tocando seu instrumento, e eu cantando, aí uma turma daqui (de Serra Talhada) que morava em outra cidade e vieram pra festa, me viram cantando e gostaram da minha voz, então, pagaram e muito bem, para eu cantar por quase 3 horas só a música ‘Morango do Nordeste’, (risos) que na época era um grande sucesso, fiquei com trauma dessa música depois disso… isso foi em 1998 ou 1999”. Relembra.

Ela foi a vencedora da terceira Edição do “Festival Cantando na Cocha”, um show de Calouros que passou a acontecer em Serra Talhada uma vez por ano, e vem revelando muitos talentos musicais, ela havia participado da primeira edição e foi eliminada, na segunda não quis se inscrever e na terceira edição estava lá novamente e saiu vencedora.

A iniciativa é do grande Músico e Protutor Zé Orlando: “é uma competição muito concorrida, séria e realizada de forma democrática, seguindo rigorosos critérios, para mim foi uma experiência significativa, e absolutamente marcante na minha trajetória de cantora. Fui convida para participar de um festival em Arcoverde, interpretando uma música de um compositor de lá, mas por falta de tempo acabei não indo, na época estava trabalhando em outro serviço, como Caixa numa loja de Conveniência, e a noite aparecendo apresentação eu ia cantar, nunca me desliguei da música, mas sair para outra cidade neste período de 3 anos, o qual atuava neste trabalho era complicado”. Ressalta a artista.

Pergunto se ela tem gravações em CD’s
ou mídias afins... “Tenho sim, foram CD’s gravados com o trio Ely, Fabíola e Elba - Grupo Recordações, eu ainda criança, junto a minha irmã que também cantava nesse tempo, gravei CD’s com a Banda Forró Pressão em Recife, na qual trabalhei por quase 6 anos, e tenho gravações com Tatuá, em Sergipe, de vez em quando faço trabalhos naquela região, de minha carreira solo ainda não gravei, apenas tenho alguns trabalhos no meu canal YouTube”: Fabíola Leite – YouTube

Hoje a artista é mãe do Artur Williams de 11 anos e da
Anna Marília agora com 4 meses de vida, e
segue sua vida profissional se apresentando em diversas cidades cantando vários estilos, durante o período pandêmico fez algumas lives, que podem ser conferidas em seu canal no YouTube pelo link acima. Évoé!












Por Carlos Sett

terça-feira, 25 de outubro de 2022

FAZENDA ESCADINHA – 1862/2022 - Modesto Narra Um Pouco de Seu Histórico

Capela de São José na antiga Fazenda Escadinha

        A antiga Fazenda Escadinha que pertenceu à família importante deste município, e que lá também nasceu o nosso ícone do forró Francisco de Assis Nogueira - o ASSISÃO, neste ano de 2022 completou 160 anos de existência no mais absoluto esquecimento. Quando digo absoluto esquecimento, é porque ela já foi uma das mais ricas fazendas de Serra Talhada. Esses 160 anos refere-se à data do término da construção da capela erguida por Dona Teodora Nogueira, primeira esposa do Dr. Tiburtino Nogueira. Ele, formado na conceituada Faculdade de Direito do Recife, foi uma figura notável naqueles tempos, no meio jurídico de nosso Estado, ocupando inclusive a Promotoria de Justiça, e depois Juiz de direito, na antiga Villa Bela, hoje Serra Talhada.

        O Dr. Tiburtino Barbosa Nogueira nasceu no dia 18 de junho de 1839 e faleceu no dia 6 de junho de 1900 e está sepultado na capela de São José da antiga Fazenda Escadinha. Lá também se encontram os restos mortais de vários membros da família Nogueira. A chamada casa grande que compunha o cenário de esplendor naquela terra a margem direita do Rio Pajeú, só restam hoje em dia fragmentos dos antigos tijolos dos compartimentos, pois a construção centenária era erguida em pau-a-pique e suas divisões, isto é, os quartos e outros cômodos em tijolos. A casa era realmente muito grande.

    Tinha, segundo informações 18 quartos, várias salas, alpendre com calçada, cozinha e outras dependências. Há notícias da existência de uma senzala, pois os donos possuíam mais de uma centena de escravos. A riqueza era enorme. As terras eram o que a vista alcançava. Havia muita criação de bovinos, caprinos, ovinos e muares. Tudo isso foi se acabando a partir dos anos. O grande impacto se deu a partir da libertação dos escravos no ano de 1888. Os escravos desembrearam nas caatingas e os donos foram vendendo tudo, e é como diz o ditado, “de onde se tira e não bota nada, tudo se acaba” e foi isso que aconteceu com a famosa fazenda Escadinha.

Neste local existiu por anos a antiga casa grande da Fazenda

Escadinha atualmente só resta a Capela

    A família da parte do meu pai viveu durante bastante tempo na fazenda. A minha tia Avó foi à zeladora da capela de São José da Escadinha por aproximadamente 50 anos.

    Não existia cemitério na localidade. No entorno da capela foram sepultadas inúmeras crianças. Entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, foi construído o cemitério e passou-se a sepultar pessoas adultas, lá estão enterrados vários parentes meus.

        O nome da antiga Fazenda Escadinha vem dos vários amontoados de pedras que existem na localidade as quais os mais velhos chamavam de escadinha. Atualmente restam poucos serrotes porque os demais foram destruídos para fazer calçamentos e britas nas construções de casas e etc.

        Avistam-se os três amontoados de pedras que originou o nome dado à fazenda. Existe uma escadinha confeccionada em madeira sobre o altar, mas ela nada tem a ver com o verdadeiro nome da localidade. Aliás, no altar existem várias outras imagens ainda originais. No momento precisando de restauração. Também nas paredes têm quadros alguns originais e outros que foram doados. A minha Avó materna dou um quadro de Nossa Senhora de Fátima, adquirido em sua primeira viagem ao Juazeiro-CE, na década 1960. Faço um destaque a um quadro de São Pedro Apostolo, doado pela minha Tia Avó paterna, porque o original havia sido destruído. Esse quadro está logo na sacristia.

Na antiga Fazenda Escadinha se tem uma das melhores vistas da nossa Serra Talhada. Observa-se o corte perfeito feito ilusão de ótica e da natureza.

O velho sino da capela de São José da Escadinha.

        Existe uma lenda que diz o seguinte: “Moça que bate o sino da Capela da Escadinha não casa”. Eu sou prova que isso não existe. No entanto, a de se considerar e botar “as barbas de molho” como se diz. Lá, até certo tempo, existiam muitas moças que não se casaram. Sei que algumas só viviam badalando o velho sino da capela de São José da Escadinha. A minha Tia Avó Chica Mota, a irmã do meu pai que também se chamava Francisca foram zeladoras daquele pequeno templo e não se casaram. Sei de outras moças que tocaram o sino e se casaram. Então para tudo cabe uma explicação e muitas das vezes sem condizentes com as crenças e lendas, pois para toda regra, há exceções.

        Fazia tempo, que não visitava o meu local de nascimento. Na ocasião desta foto, estava lá em visita o então Secretário Municipal de Desenvolvimento Social – Josenildo André Barbosa, que também nasceu lá, acompanhado da Elis Lopes Garcia que trabalhou como Diretora de Igualdade Racial na Prefeitura Municipal de Serra Talhada em sua gestão como secretário, e fez um trabalho maravilhoso de reconhecimento da nossa negritude. Presto minhas mais sinceras e reconhecidas homenagens a Elis que nos ligou ao nosso passado ancestral.

Modesto Lopes de Barros e Elis Lopes Garcia


Na foto acima Eu e Elis presentes na Conferência de Cultura do Estado de Pernambuco, durante o período que ela passou em Serra Talhada fez amizades com muita gente da nossa terra. É imperioso falar da questão escravatura nessa região do Pajeú que ficou escondida. E o município de Serra Talhada continuou por vários anos não fazendo nada no sentido de reparar os danos perversos que a escravidão causou a população negra. O fato era que pouco se falava dos negros e negras em nosso município. Corria “a boca miúda” que os negros e negras faziam parte das famílias. E eu digo que isso era da cozinha para fora.

Dado ao trabalho iniciado na gestão do Prefeito Luciano Duque hoje sabemos que o município tem uma população Quilombola enorme, pois já são 14 Comunidades reconhecidas e outras tantas ainda não reconhecidas.

Ainda alcancei o altar da capela nas cores branca e azul. No entanto, ele é confeccionado em madeira de lei – cedro. O piso era em tijolo queimado e grande. Havia as marcas das sepulturas das pessoas que foram enterradas ali.

A imagem secular e histórica de São José Padroeiro da Fazenda Escadinha.


        Antigamente as pessoas faziam promessas e quando alcançavam as graças levavam flores, fitas e velas para a capela. Ainda hoje essa tradição é vivenciada pelos fiéis devotos. O São José da Escadinha é um santo milagroso desde sempre, pois a construção da capela foi um milagre alcançado pela Dona Teodora que a mandou construir, por conta de uma graça alcançada.

        Outra tradição que acontecia era o roubo do menino Jesus que está no braço da imagem de São José. Misteriosamente o menino sumia e ninguém sabia quem roubava. Passados alguns meses saia um boato na ribeira falando que a imagem do menino se encontrava na casa de determinada pessoa e nada se comprovava. Eram os alarmes falsos. E nesta pisada os meses se passavam até que finalmente se ficava sabendo da real pessoa que roubou o menino e os motivos. Acho que atualmente esse roubo da imagem do menino Jesus não mais acontece.

        A antiga Fazenda Escadinha era cheia de vida. O povo da minha família por parte do meu pai viveu por vários anos naquela localidade. Durante o mês de março acontecia às celebrações e novenário do Padroeiro. Nos anos secos era comum haver uma procissão com a imagem de São José no último dia da sua festa e o Padre Jesus, que paroquiou Serra Talhada por mais de 50 anos, na sua homilia pedia a interseção de São José para mandar chuva. Muitas vezes presenciei isso. E quando ele terminava seus trabalhos pastorais, como: batizados, confissões, casamentos e missa o tempo mudava e vinha aquela chuva e as plantações seguravam, e o agricultor tirava o milho e o feijão para seu sustento durante o ano. Na verdade, os tempos mudaram e a fé do pequeno agricultor parece que diminuiu.

A emoção ao rever as passagens que marcaram minha infância.

Eu nasci e vivi na Escadinha até os meus cinco anos de vida.


        Na antiga Fazenda Escadinha vivi até os cinco anos de idade. O meu pai fez uma casa na outra margem do Rio Pajeú. A nossa casa ficava perto da serra do Brabo. Lá, ficamos morando de 1952 a 1954. No ano seguinte fomos morar na Fazenda Barrocas do senhor Zé Cunha. Voltando no outro ano para nossa antiga casa, e de lá saímos em 1958. Ano de muita seca e fome. E não voltamos mais para a casa que papai havia construído, e falava que não mais sairia de lá. Ninguém sabe os desígnios de Deus. Tomamos outros rumos e nossa família (pai, mãe, irmãos e eu) nunca mais voltamos naquele lugar chamado Ribeira da Carnaubinha.

        E quanto à antiga Fazenda Escadinha, meu torrão natal, cuja capela completa 160 anos de existência para mim resta saudades. Ainda me lembro da festa que foi realizada nas comemorações de 100 anos da capela. Lá estavam o Sr. Juca Nogueira e a sua esposa Dona Cristina, Dona Maria Nogueira, Sr. Tota Alves. Foi a primeira vez que eu ouvi a palavra – Espanha, pronunciada por Ana Lúcia, filha de Dona Nogueira. Ela falava que ainda faria uma visita à Espanha, terra do Padre Jesus R. Garcia. Tanta gente importante da família Nogueira. A minha Tia Avó Madrinha Chica Mota da Escadinha fez os preparativos da festa, juntamente, com a Tia Chiquinha com esmero. Lembro-me que a preocupação maior delas era com a água. E eu me lembro de que havia mais de 15 potes cheios de água para o povo.

        Concluindo, a Escadinha é o meu lugar. A terra que sempre vai existir nos meus sonhos. Quero nestas minhas lembras externar meus mais sinceros agradecimentos por ter nascido naquela tão abençoada localidade.

        Que as futuras gerações não abandonem a capela de São José da Escadinha que guarda nossa fé em Deus, uma das capelas mais antigas nas fazendas de nosso município – construída no ano de 1862.

Texto e fotos de Modesto de Barros

Ator, Produtor Cultural e dirigente do Centro Dramático de Serra Talhada, 

Ex - Conselheiro Tutelar, Bancário Aposentado, Coordenador do CEU das Artes,

no bairro Caxixola e diretor do Coral Anita Vilarin

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Saulo Stemell: Um Multi-Artista Serra-talhadense em Ascensão

        Saulo Micharrel da Silva Ferreira é o filho do meio de seu Severino Alves e de dona Simone Silva, que conceberam três herdeiros, porém, seu pai lhe deu mais quatro irmãos de uma segunda união conjugal, totalizando assim sete filhos, Saulo veio à luz em 22 de janeiro de 1997, uma quarta-feira, no Hospital São Francisco em Serra Talhada-PE. Saulo é um nome próprio masculino e significa: “aquele que foi muito desejado”, de origem hebraica, é um nome de forte carga religiosa.
        Saulo Stemell como é artisticamente conhecido, adotou esse nome por achar bonito, chamativo, diferente, o mesmo era usado por uma amiga no perfil do Orkut. O jovem artista passa quase despercebido quando está a paisana, pois é de uma gentileza e humildade que lembra os monges tibetanos, porém ao falar e/ou se caracterizar para apresentações artísticas, você nota imediatamente seus múltiplos talentos: cantor, compositor, dançarino, ator, recreador, maquiador, performer, coreografo, quadrilheiro afamado, toca instrumentos de percussão, e é um apaixonado pelas artes em suas diversas manifestações, além de Influencer digital.
        
"A arte para mim,
é libertadora, é evolvente, é transgressora, nos transforma, e para bem fazê-la nos transformamos por ela, as vezes não estamos bem, aí tem uma apresentação e a gente camufla nosso
mal-estar e fazemos acontecer seja o espetáculo, seja o show, seja a recreação… E por algumas horas aquilo que nos angustiava desaparece. A arte tem esse poder de nos mostrar o extraordinário, a fantasia que nos fascina. É algo divino ser artista, cantar, criar personagens, contar histórias, despertar sensações nas pessoas, principalmente nas crianças, pois são muito verdadeiras se gostarem diz, se não agradar elas demonstram com a mesma verdade, isso é o mais fantástico”
. Se expressa com ar de satisfação e contentamento.        
        Seus estudos
tiveram início nas escolinhas particulares de ensino infantil, Escola Parque e Santa Isabel depois, fez parte do Ensino Fundamental 1 na Escola Methódio de Godoy. Em dezembro de 2011 foi morar com sua irmã Shyrlei na cidade do Recife, onde estudou na Escola Felipe Camarão, retornando para Serra Talhada no ano de 2013, estudou na Escola Irnero Ignácio e concluiu o Ensino Médio na Escola Solidônio Leite em 2018.

        “Sou de família evangélica, então o primeiro talento artístico percebido foi o de cantor quando eu tinha 5 anos, foi algo que surgiu naturalmente, quando menos se espera lá estava eu cantando no coral da Igreja, fazendo solo… A música me acompanha a 2 décadas e é maravilhoso. Comecei como muita gente cantando na Igreja, em conjuntos musicais que tocava e cantava em casamentos, como solista passei a fazer apresentações em outras Igrejas, sempre na perspectiva de evangelizar. Hoje canto estilos variados ao gosto do público para o qual me apresento”. Relata o artista.

        Sua voz é potente, marcante e se adequa a diversos estilos musicais, sua estreia profissional fora da Igreja aconteceu em 2014 na Orquestra Edição Extra, da vizinha cidade de Triunfo, a convite da produtora da banda Ana Cristina, passando a se apresentar em formaturas, festas de aniversários, casamentos e eventos afins, segue atuando na banda sempre que tem show. “Eu canto todos os estilos na Orquestra e nas apresentações solo, porém o forró é o estilo predominante quando me apresento sem a banda, tenho algumas composições autorais e estou me preparando para gravar em breve”. Pondera ele. Para conhecer o lado cantor do artista acesse: Saulo Stemell - YouTube

        Sua formação artística seja na música, na arte de representar, no ciclo junino e demais modalidades é autodidata, vai agindo de acordo com sua intuição, imaginação e criatividade; algo que não lhe falta é inspiração e vontade para realizar com esmero cada uma das inúmeras atividades que lhe chegam. Seu talento para quadrilheiro, é algo perceptível e arrebatador em sua carreira, aparece de forma tímida em 2011 quando passou a acompanhar o lado estilizado das Quadrilhas juninas, admirando, pesquisando e se encantando por este fazer artístico.

        Somente em 2015 integrou o elenco da Junina Flor do Sertão; no ano seguinte (2016), recebeu o convite da Junina estilizada Sem Limite para ser o coreografo e a Rainha daquele ano, o que realizou com notável paixão e afinco. Tanto é, que passou a desenvolver junto aos demais integrantes, argumentação para escolha do tema, coreografias, figurinos e caracterização para cada ciclo junino, levando a Sem Limite a ser destaque nos festivais e concursos de quadrilhas existentes, saindo vencedores em diversas categorias avaliadas pelos jurados.

        Neste ano de 2022 arrebataram vários troféus e levaram o nome de Serra Talhada com muito talento, brilho e uma pitada de ousadia para muitas cidades pernambucanas, além de outros Estados do Nordeste. “Já havia me montado algumas vezes, porém a personagem não tinha nome para ser chamada, então, resolvi unir as siglas de trás para frente do meu nome e sobrenome compondo assim, Medley Sabrina que aparece nos concursos de miss e no ciclo junino, sempre com destaque”. Conclui Stemell.

        Sem perder a simplicidade, sua marca registrada, o multi-artista vai buscando referências e se aprimorando enquanto autodidata, mas tendo oportunidade participa de cursos e oficinas como aconteceu em 2018, quando fez com esmero o Curso ACUPE Formação do Intérprete-Pesquisador em Dança 2018. “Esse curso foi absolutamente importante na minha trajetória, pois nos apresentou ferramentas de investigação acerca de nossas possibilidades de diálogo estético com o mundo na linguagem da dança, foram seis disciplinas na grade de atividades: Danças Tradicionais, Ballet Clássico, Dança Contemporânea, Teatro/performance, Pesquisa em Dança/Demonstração de Trabalho e dança inclusiva, algo realmente marcante para mim”. Relembra.

        Hoje o genial artista se desdobra entre os trabalhos de recreação e personagens infantis na Tindolelê, ensaios e apresentações na Orquestra Edição Extra e na Junina Sem Limite, Voz e Violão, participação em shows de outros artistas como convidado, presença em eventos com a Medley, vida pessoal e familiar. “O artista tem que fazer várias coisas ao mesmo tempo para conseguir sobreviver, espero o tempo em que a arte seja mais valorizada e a gente ganhe mais trabalhando menos, atualmente os corres são muitos para se conseguir o mínimo. Todavia me sinto realizado em fazer o que gosto”. Finaliza sorridente.




Por Carlos Sett