Gilberto
Gomes de Lima, nascido em 28 de setembro do ano da graça de 1984.
Residiu boa parte da sua infância em Tauapiranga, 6º distrito rural
do município de Serra Talhada. É o primogênito de dona Maria
Idalice Gomes dos Santos e seu Agenor Gomes de Lima que conceberam
quatro meninos.
Iniciou
a sua alfabetização em Tauapiranga na escola municipal Francisca
Godoy e, após a vinda da família para a sede do município concluiu
a 4ª série (5º ano hoje) na escola municipal Nossa Senhora da
Penha, localizada no bairro COHAB – atual Tancredo Neves. Já o
ensino fundamental (6º
ao 9º ano)
e o médio o estudioso e tímido aluno, cursou na escola estadual
Methódio de Godoy Lima, no citado bairro, o qual morava na época.
É
nessa escola no dia 22 de junho de 1998, aos 13 anos de idade que o
menino Gilberto, meio desengonçado, baixinho (sim, nesse tempo ele
era pequeno), extremamente tímido, porém cheio de vontade em fazer
a diferença, com poucos ensaios e muito improviso, fez sua estreia
na cena teatral de Serra Talhada se revelando um ator com grande
potencial, principalmente cômico.
“Foi
algo rápido, mas que marcou minha vida de tal forma que, quando
percebi já estava em cena novamente. Realmente um fato inesperado,
surpreendente. Foi na festa junina da Escola o ‘arraiá da roça da
Noca’, organizado pela professora de teatro Fátima Alves, me
colocaram pra fazer um politico trambiqueiro, que tinha por número
51”.
Descreve ele sobre seus primeiros passos na cena teatral e que ora
completa 25 anos de trajetória.
Por
seu destaque nesta cena que acontecia dentro de uma quadrilha junina
matuta, ele recebeu o convite de Ismael Magalhães, seu colega de
turma escolar para participar do GTMG (Grupo de Teatro Methódio
Godoy).
“Nesse
tempo quem dirigia o grupo era Carlos Sett
- (este que vos escreve), que
já se fazia notar como uma pessoa de teatro, atuando, escrevendo e
dirigindo peças e esquetes sempre com notável êxito. No grupo,
além dele e Ismael, atuavam Cristiane - que foi meu par no arraiá,
Rejane, Antônio, Tânia, Andreilma, Eliane, Natália, entre outros
alunos da escola.
Ressalta Gilberto.
Seu
primeiro poema é escrito no início de 1998, a pedido de uma
professora como tarefa pós férias de fim de ano, cujo título é:
“Ano
Novo, Vida Nova”;
talvez uma profecia das transformações que estavam por vir na sua
vida naquele ano, o qual transcrevo a seguir:
Ano
novo, vida nova
Ano
novo, vida nova, início do saber.
Ano
de crescer a própria vida,
Crescer
a mente e o saber.
Ano
novo, vida nova
Não
é só alegria e prazer.
É
um tempo de tristeza, mas de alegria
Pro
povo não entristecer.
Ano
novo, vida nova
É
você quem deve fazer
Pois
só a sua alegria é o que interessa
Nesse
ano novo que começa.
Gilberto
Gomes - Março de 1999
O
Grupo tinha no repertório as peças: “Drogas, uma Partida para o
Inferno”, “Branca de Neve e os Cinco Anões”, “Sem Trabalho…
Por quê?”, “Deus
Autor da Vida”, entre
outras, nas quais passou a atuar sempre “roubando” literalmente,
a cena.
Os
jovens e adolescentes da equipe se destacavam nas atividades
escolares, e foram tomando gosto pelas artes, tanto que decidiram
deixar os muros da Escola que também, por mudança da gestão, já
não estava mais liberando espaço para os ensaios e afazeres do
grupo, isso em meados de 1999, ano em que Carlos, deixaria a escola,
pois seria
sua formatura.
Numa
reunião foram lançadas ideias para renomear o grupo, que passou a
se chamar ETEAST - Equipe Teatral de Serra Talhada, a partir de
novembro de 1999. Os ensaios passaram a acontecer na casa de um ou
outro integrante e no salão da Igreja de São Francisco de Assis,
padroeiro do bairro COHAB.
O
foco das apresentações estava voltado às escolas, igrejas, praças,
coretos e palcos improvisados. No final de 2001, com a peça
“Confissões”, escrita e dirigida por este que vos escreve, no 1º
Festival de Teatro de Triunfo, Gilberto ganhou o troféu de melhor
ator coadjuvante pela sua atuação na comédia apresentada no salão
nobre da escola Stella Maris.
Em
2002 atuou na peça “A Verdadeira História de Cinderela” e junto
a outros integrantes da ETEAST devido a brilhante performance da
equipe no festival foram convidados para integrarem o elenco da
“Paixão de Cristo de Triunfo”, atuando naquele importante
espetáculo do “Ciclo das Paixões de Pernambuco” até o ano de
2005.
Em
2004 e meados de 2007 esteve ausente de novas produções teatrais.
Inteligente que é, e movido pelo desejo do aprendizado saiu do
ensino médio e emendou no curso superior fazendo Letras na FAFOPST -
Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada.
Conciliando
a faculdade com as artes, dirigiu em 2005 o monólogo “Os
Malefícios do Tabaco” encenada por Carlos Sett, e os recitais de
poesias na FAFOPST e no Teatro do CIST. Retornou aos palcos em junho
de 2007 com a remontagem da peça “Confissões - Uma Comédia
Divina”.
Em
2008 dividiu o tempo entre a peça “A Gramática” do CDP - Centro
Dramático Pajeú de Serra Talhada (o conceituado grupo coordenado
por Modesto de Barros, que acaba de completar 34 anos de existência
na cena local), sendo a direção do espetáculo de Carlos Sett e “O
Pequeno Imperador” do GTAI - Grupo Teatral Asas da Imaginação,
criado por estudantes da FAFOPST sob a direção de Adryano Barros.
“Com
essa encenação alcancei a segunda premiação de melhor ator
coadjuvante no ‘Festival Melhores do Ano’ realizado no Teatro do
CIST, tempo de grande efervescência cultural, além de atuar, eu já
dirigia peças, e ajudava na execução de som e luz cênica”.
Relembra o artista.
A
Literatura é uma outra vertente artística de Gilberto Gomes e/ou
GGLima como assina suas obras literárias. Seus poemas são escritos
em versos livres e a maioria já foi publicado em coletâneas e
jornais literários. “Eu
escrevo poemas livres desde adolescente e também textos para teatro,
a exemplo de ‘O Arretirante’; ‘O Doutor dos Cocos’; ‘Um
Mundo da Cor de Todos’; entre outros, e agora estou focado na
escrita de roteiros para o canal ‘ALUCINADOS POR COMÉDIA’ que
mantemos no YouTube”.
Resume GGLima sobre seu lado escritor.
O
ano de 2009 começa com a direção da peça “Neurose - A Cidade e
Seus Sentidos”, um monólogo protagonizado
por Carlos Sett que veio a se tornar um grande sucesso de público e
número de apresentações: “Neurose surgiu diferente desde o princípio, sua estreia foi no Cineteatro
São José em Afogados da Ingazeira. Partindo daí circulou durante
alguns anos pelas cidades de Flores, Fátima de Flores, Carnaíba,
Floresta, Salgueiro, Triunfo, Bodocó, Limoeiro, Orobó, Bom Jardim,
Olinda, Barbalha e Crato no Ceará.
Além
de dezenas de apresentações em Serra Talhada, visitando inclusive
alguns distritos rurais, esse espetáculo é um marco na minha
carreira de diretor e na trajetória de Carlos Sett enquanto ator. Em
25 anos de atividades artísticas que completo nesse mês, se fosse
ressaltar algo marcante, seria a atuação em ‘Confissões’ e em
‘O Pequeno Imperador’, além da direção do monólogo ‘Neurose’
e do espetáculo ‘Voar é com os Pássaros’, que segue em cartaz
pela ETEAST”. Pontua.
Em
seguida foi assistente de direção
e atuou na peça “As Amantes” do GTAI. Em 2011 estreou “Entre a
Missa e o Almoço” dirigida por Adryano Barros no Quintal do Museu
do Cangaço. No ano de 2012 foi selecionado para atuar no Espetáculo
ao ar livre “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”,
escrita por Anildomá, com direção do renomado e conhecido ator e
diretor José Pimentel (in memoriam). Em 2019 assume a direção desse grandioso espetáculo o psicólogo e diretor teatral Izaltino Caetano, que também já havia dirigido o ator na Paixão de Cristo de Triunfo.
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No
segundo semestre de 2013 outra novidade em suas atividades de ator,
após 3 dias de preparação é selecionado para fazer o
protagonista do curta “Bicho de 7 Letras” dentro do Projeto
Cinema no Interior da MontSerrat Filmes, sob a direção do cineasta
Marcos Carvalho e Equipe, em 2014 pela sua atuação no filme ganha
os prêmios de melhor ator juri técnico e juri especial no festival
de cinema, recebendo inúmeros e honrosos elogios. Participa da peça
“Um Par de Calças Por favor” do GTAI.
Ao
perguntar quais trabalhos fora da área artística já realizou, ele
responde: “fui
auxiliar de técnico em eletrônica por cerca de nove meses. Cobrador
de ônibus durante nove meses nas linhas IPSEP e Mutirão. Atualmente
sou funcionário publico municipal como agente comunitário de saúde
com 18 anos completos de atuação, tenho também, a formação em
técnico em enfermagem, como professor formado em letras atuei por
dois anos em sala de aula”.
Na
sua vida pessoal, que é bem reservada, ele diz estar no segundo
casamento, tendo sido o primeiro em 2010 e o atual em 2016 com Cícera
Lima, sua dedicada esposa e mãe de Caio, único filho do casal.
Gilberto
voltou a dirigir um espetáculo teatral de grande envergadura em
2018, novamente a meu
convite,
numa retomada de atividades cênicas junto a Hícaro Nogueira, falo
de “Voar é com os Pássaros”, que fez sua estreia em Barbalha –
CE e segue no repertório da ETEAST Produções até hoje.
“Entre
2019 e 2021 estreei a trilogia do GTAI ‘As Beatas do Pau Oco’,
antes havia encenado um texto de minha autoria ‘O Presente da Filha
do Rei’. Também em 2021, fui diretor-assistente da Comédia
‘SURTADOS’ pela ETEAST, e assim, vou me dividindo entre o serviço
público na saúde e as artes cênicas e literária, inclusive
fazendo cursos e oficinas sempre que possível”.
Ressalta o abnegado artista ao festejar 25 anos de atuação no
teatro e na literatura serra-talhadense.
“Atualmente
estou presidente da ALESPE – Academia de Letras do
Sertão Pernambucano, fundada
em 18 de setembro de 2010, tendo acontecido a 1ª posse de seus
associados somente em 02 de setembro de 2017. A academia abrange todo
o Sertão de Pernambuco, motivo pelo qual aceita escritores de
quaisquer cidades sertanejas.
Reúne
homens e mulheres de letras, artes, músicas, ciências e poesia.
Prioriza a literatura, mas está aberta às discussões sobre o
conhecimento humano, a exemplo de filosofia, teologia, política,
sociologia e temas afins”. Esclarece.
Gilberto,
pode deixar uma mensagem aos nossos leitores? “O
tempo é o que há de mais escasso. Portanto, não podemos perder
tempo. Faça o melhor no que se propôs a fazer”.
Sentencia o nosso entrevistado.
Por
Carlos Sett