Francisco Leite Francineto é membro fundador e efetivo da Academia Serra-talhadense de Letras, titular da cadeira número 26, tendo como patrono o historiador serra-talhadense Luiz Wilson de Sá Ferraz, autor de livros consagrados sobre a história pernambucana, a exemplo de “Villa Bella, os Pereiras e Outras Histórias”; “Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos”; dentre outras obras literárias significativas para a cultura brasileira.
Seu Francineto, como é chamado é filho de Manoel Florêncio Leite e Ana Alves Lemos; sendo ele, o primogênito do casal que conceberam 10 filhos, tendo mais duas irmãs, do primeiro casamento de seu pai. Nascido no dia 21 de janeiro do ano da graça de 1940, no sítio São João, zona rural de Itaporanga – Paraíba. Reside em Serra Talhada desde 1962.
“Não tive oportunidade de estudar por viver no sítio, a primeira vez que trabalhei eu tinha 4 anos de idade, choveu e meu pai levou minha mãe e eu pra roça, ele na frente com a enxada cavava as ‘covas’ (buracos onde se coloca as sementes na terra molhada para germinar), eu colocava duas ou três sementes de feijão cova sim, cova não, e minha mãe vinha logo atrás colocando a semente de milho na outra cova e fechando-as com os pés”. Relata ele sobre sua infância, e acrescenta: “Quanto a estudar, quando chegava o mês de junho os pais contratavam uma pessoa pra ensinar, não propriamente um/uma professor(a), mas alguém que ensinava à sua maneira, esse professor dizia que gente da roça, saber ler uma carta, escrever outra e dizer as quatro operações de contas já era o suficiente”. Relembra.
Desta localidade se mudaram para Brejo Santo, uma cidade no Ceará buscando novas oportunidades de trabalho, eram tempos difíceis para muitas famílias nordestinas. A escola era paga, o que ganhava nos serviços pesados que fazia era pra ajudar em casa, o pai carpinteiro de profissão, vivia em busca de melhorias e de lá foram para o Estado do Maranhão, município de Pedreira. Ali, a sobrevivência foi ainda mais difícil, ele nos diz: “Em 1961 pensei em estudar, pois onde residia havia uma escola boa para adultos, que preparava estudantes pra o ginásio, no entanto, meu pai foi trabalhar um tempo em Brasília, e por ser o mais velho tive que assumir a família”.
Tentou estudar rádio e televisão, mas não deu certo na profissão, aí veio o casamento, foi tentar a vida em São Paulo… Na volta (1974) montou uma empresa com o irmão, a "Marcenaria e Decorações Serrana” sua parte era industrial. De maneira súbita ficou viúvo, e se bandeou a bebedeiras, mas sempre trabalhando, seu maior sonho era ser cantor, sempre compôs, um dos irmãos tocava sanfona, outro pandeiro, a musicalidade estava no sangue e formaram uma banda que não foi muito longe.
“Meu ramo de trabalho é a marcenaria, comecei aos 17 anos sem gostar, por que eu queria era estudar, ter conhecimentos, pois pensava em ser doutor, meu sonho forte era a carreira militar, seguindo o exemplo de um conterrâneo da zona rural da paraíba que foi convocado para guerra, e depois, já no exército estudou medicina, então queria seguir esse caminho, porém na idade de servir o exército, foi o tempo que papai foi tentar serviço em Brasília e mamãe não deixou, pois eu tive que sustentar a casa, aí só servi ao Tiro de Guerra (TG), também quis entrar pra polícia e ela não aceitou…” Diz ele com pesar.
“Meu primeiro casamento foi com Elba Maria de Paiva, uma criatura abençoada, era professora e minha vizinha, posso dizer que minha vida começou depois desse casamento, porque antes eu me sentia uma ‘coisa’ e não gente. Foi ela que me mostrou o mundo, mas infelizmente ela faleceu jovem quando ia fazer 33 anos e eu fiquei com 4 filhos, Manoel Florêncio Leite Neto, meu primogênito, depois veio minha primeira filha Francielba, professora, em seguida Joseane, também professora, mas não exerce a profissão e a caçula Franciélia, formada em Educação Física”. Se expressa ele, sobre a sua família.
“Sou semianalfabeto, tentativas de estudar foram muitas, queria ser doutor e não consegui fazer o primário, mas sempre trabalhei no pesado e com isso criei 6 filhos, os quatro já falado, e a Fernanda Maraísa e Amada Mayara do meu segundo casamento, com a também professora Lourdes Sobreira. Paguei inclusive, escola particular e todos tiveram essa oportunidade, coisa que eu não tive, e aqui estou com 82 anos, enfartei no dia seguinte ao aniversário, em fevereiro fui operado e a recuperação surpreendeu até o médico". Nos conta resoluto.
“Fui um dos fundadores da Associação dos Poetas do Vale do Pajeú – APOVAP, que criou o Jornal Desafio, em setembro de 1988, do qual foi colaborador”. Comenta o poeta.
Por questões internas, quando se preparava a terceira edição do jornal, Ele, junto a outros poetas deixaram essa empreitada, e pela APOVAP foram produzir cantorias de viola, realizaram duas edições e um festival com quatro duplas de violeiros. “É bom frisar que a Associação dos Poetas, é o ninho que vai fecundar a criação da Academia Serra-talhadense de Letras em 2001, onde eu também sou um dos fundadores”. Explica categoricamente.
Marceneiro por ofício e vocação, compositor e poeta por hobby, militante engajado por melhorias nas políticas públicas e engajado em movimentos sociais e culturais, este é seu FRANCINETO. Seu talento de compositor lhe rendeu participação no festival “MÚSICA HOJE” em 1981 com a música “Simplesmente Lampião”. Essa canção chegou à etapa final e posteriormente foi gravada pelo seu irmão Gregório Leite em um compacto duplo pela gravadora Mocambo. Em parceria com o cantor Rui Grúdi compôs “Papai Noel Nordestino” para o LP intitulado “Arrocha o nó”, o primeiro disco do cantor. A Banda Queijo de Coalho gravou “Molho de Pimenta”, também gravada pela banda Côngruos, no seu primeiro CD.
Com seu dom poético, têm seus textos publicados em Coletâneas e Antologias, tipo os livros: ‘Faces de Um Novo Sol’ da Editora Bagaço em 1990; ‘2ª Coletânea Desafio’ em 1991, ‘Selecta de Poesias’ em 2007; ‘Rastros de Um Decênio’ em 2011 e ‘Sertão em Prosa e Versos…’ pela Academia Serra-talhadense de Letras, além de Jornais Literários. Também publicou alguns cordéis, sendo seu primeiro folheto: “A mulher é a parte fraca” e o seu mais famoso “Sina de Retirante”, publicado em 2021.
Por Carlos Sett
minha gratidão pelo carinho e incentivo. A gente se esforça pra fazer sempre o melhor.
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