Outra veia artística dessa mulher aguerrida e desenrolada, é a culinária, dom herdado de sua mãe, e que ela pratica desde sempre. Em suas redes sociais é possível acompanhá-la através de suas postagens e constatar de perto sua persona. Vamos à entrevista com essa notável serra-talhadense repleta de talentos, humildade e simpatia.
1- Qual seu nome completo, onde e quando nasceu? Maria Dorotéa Nogueira dos Santos, nasci no Hospital Regional (HOSPAM) em 07 de julho, (mesmo dia e mês que nasceu Lampião, uma coincidência incrível, que atualmente faço questão de frisar), pois sou uma mulher destemida e objetiva, pessoa sem rodeios ou disse me disse.
2- Nome dos seus pais? Sou a filha caçula do Maestro e Professor de Disciplina do Industrial Antônio Nogueira dos Santos (Seu Nogueira) e da Bondosa Mestra de Cozinha Dona Aristania Moraes dos Santos.
3- Na sua casa são quantos irmãos/irmãs? Se possível cite os nomes? Somos nove, cinco homens e 4 mulheres no total: Francisco de Assis e Paulo Nery (In memoriam), João Batista, Severino dos Ramos, Antônio Anchieta, Maria das Graças, Maria da Penha, Francisca Maria e Eu.
4- Quem é Dorotea Nogueira? Uma mulher guerreira, honesta e resistente as dificuldades da vida. Uma artista negra de sangue nos olhos, e que não esmorece diante das adversidades e preconceitos.
5- Vida escolar: cite as escolas onde estudou da infância até a Faculdade? Tenho formação superior completa. Minha vida escolar teve início no Externato São Domingos Sávio, depois fui para a Escola Estadual Solidônio Leite e Escola Irmã Elizabeth, o curso Ginasial eu conclui na Escola Cornélio Soares. Então, fiz Estudos Sociais na FAFOSPT, um tipo de licenciatura curta, posteriormente complementada pela Licenciatura Plena em História pela AESET / FAFOPST.
6- Onde trabalhou/trabalha e por quanto tempo em cada local? Trabalhei na Secretaria da Escola Cornélio Soares por quase de 13 anos, em seguida atuei na Creche Imaculada Conceição, Creche Sagrada Família e no Colégio Municipal Cônego Torres, e completando o tempo para aposentadoria na Escola Municipal José Rufino Alves, no bairro Caxixola, ainda prestei serviços na Casa da Cultura e por um curto período de tempo na Escola Municipal de Artes, no 1º andar do Mercado Público.
7- Sua veia artística é qual? Meu forte desde a infância é a arte da culinária, dom que herdei de minha falecida mãe e que realizo com esmero e orgulho. No tempo de escola fiz apresentações de teatro e também cantava. Em casa me vestia de personagem e saia fazendo a alegria de crianças e adultos com minhas estripulias, depois deixei de lado. Após vencer um câncer de mama, adentrei nas Artes Cênicas (teatro e danças) e Audiovisual (cinema e vídeo) e lá se vão mais de 10 anos de atuação em trabalhos de grande porte como o “Massacre de Angico – A Morte de Lampião”, “Milagre das Figuras de Barro”; o Filme de Longa Metragem “Sertão de Sonhos”, os curtas “Bicho de & Letras”, “A Nova Cidade”, “Nova Iorque”, “Papo Amarelo – O Primeiro Tiro”, “P.S.”, o documentário “Dorotea Nogueira: A Cangaceira Rosa”, entre outros, e inúmeras palestras e entrevistas, a maioria com essa personagem.
8- Em que ano e porque criou a famosa personagem “Cangaceira Rosa”? No ano de 2013. Trabalhando como atriz nos filmes e no Espetáculo “O Massacre de Angico”, lá na estação do forró. Aí veio a inspiração: criar uma personagem para alertar mulheres e homens sobre a prevenção ao câncer de mama. Doença da qual fui diagnostica em 2007, passei por um tratamento de 5 anos e após esse período, me tornei Embaixadora da Campanha de Alerta e Prevenção ao Câncer de Serra Talhada para o mundo, com meu testemunho de vitória. Tendo nascido no mesmo dia e mês (07/07) de Virgolino Ferreira, vulgo Lampião, me inspirei no cangaço para criar uma personagem aguerrida e forte, foi então que nasceu a “Maria Amiga do Peito”, uma cangaceira vestida de rosa e branco, que são as cores símbolo da Campanha e ganhei o mundo, levando uma mensagem de esperança e fé, pois o câncer diagnosticado de forma precoce as chances de curas são bem maiores. Alertar as mulheres e os homens (sim, eles também desenvolvem a doença) sobre a importância da prevenção e do autoexame, não somente, no mês de outubro, mas todo o tempo, através de meu testemunho de vitoriosa, o qual finalizo com seguinte frase: “Eu venci o câncer e você também pode!”, torna-se bem importante.
9 – Faz parte de algum grupo ou coletivo artístico? Sim, da Equipe Teatral de Serra Talhada - ETEAST Produções.
10- Em quantos e quais espetáculos de teatro e filmes já atuou? Espetáculos de teatro foram: “Geração Positivo”, “Crassicos do Circo”, “A dona da Corte”, “Milagre das Figuras de Barro”, “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”; já atuei no longa que citei anteriormente e em nove curtas, além da participação em mais de três dezenas de vídeos curtos para YouTube e redes sociais, sem contar as inúmeras entrevistas.
11- Conte-nos um fato curioso/peculiar/inusitado de sua vida? Já vivi e passei por vários fatos interessantes e curiosos (risos), uma vez estava indo fazer a palestra em Boa Viagem, já trajada de Cangaceira e fazendo fotos com os passantes. Devido a medicação forte que tomei para o tratamento do câncer, meus dentes enfraqueceram (hoje uso implantes) a caminho do local perdi um dente e precisei improvisar um dente com chiclete para honrar o compromisso e poder sorrir para pacientes e familiares presentes no evento. Outra fato curioso, é que ainda em tratamento, eu estava numa festa dançando com parceiro, neste dia usava a prótese de mama removível, pois ainda não havia feito a reconstrução mamaria de silicone. No movimento da dança, a prótese chegou a descer para cintura e precisei desfaçar, pedir licença ao dançarino para ir ao banheiro colocar o peito no lugar, então, voltei para o salão e a dança continuou. (risos)
12- Que pergunta eu deveria ter feito e não fiz, faça, e responda? Faltou você perguntar se sofri preconceito no período que perdi a mama? Sofri bastante preconceito. As pessoas pediam para eu vestir blusas largas para disfarçar, e/ou usar a prótese removível que suava e incomodava. Porém, nunca liguei para isso, estava feliz com o tratamento, pois a vida vale mais. Minha preocupação com a estética e certos padrões de beleza sempre foi zero.13- Que mensagem deixa para o(a)s leitore(a)s de nosso Blog? A vida é bela. Devemos aproveitá-la com intensidade e botar pra fora o medo de ser feliz; nunca guarde algo que sente vontade de fazer por medo, vá come medo e faça. Seja feliz e aproveite a vida, ela é adversa, porém, passageira. Eu venci o medo faz tempo, tanto é que já desfilei em três escolas de Samba, sendo 2 no Rio de Janeiro e uma em São Paulo, e no Carro Abre-alas do Galo da Madrugada, por isso afirmo: seja feliz! Palavra de Dorotea Nogueira a Cangaceira Rosa e Maria Amiga do Peito.
Linda história de vida da querida Dora. Parabéns pela entrevista amigo.
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