O
Blog do Carlos Sett conversou com a hilariante artista Dorotea
Nogueira, ela que faz a alegria de muita gente nas redes sociais e
tem uma legião de fãs pelo mundo. Dora ou Téa (para familiares e
mais íntimos), é conhecida como a Cangaceira Rosa, a Maria amiga do
peito, sempre simpática, alegre e cheia de vida, ela brinca com seus
cachorros e velhos gansos quando está em casa, são seus xodó. Nas
telas e no teatro a brincadeira é com seus personagens, pelos quais
ela se transforma e mostra seu talento cênico com imensurável
profissionalismo.
Outra
veia artística dessa mulher aguerrida e desenrolada, é a culinária,
dom herdado de sua mãe, e que ela pratica desde sempre. Em suas
redes sociais é possível acompanhá-la através de suas postagens e
constatar de perto sua persona. Vamos à entrevista com essa notável
serra-talhadense repleta de talentos, humildade e simpatia.
1-
Qual seu nome completo, onde e quando nasceu?
Maria
Dorotéa Nogueira dos Santos, nasci no Hospital Regional (HOSPAM)
em 07 de julho, (mesmo dia e mês que nasceu Lampião, uma
coincidência incrível, que atualmente faço questão de frisar),
pois sou uma mulher destemida e objetiva, pessoa sem rodeios ou disse
me disse.
2-
Nome dos seus pais?
Sou a filha caçula do Maestro e Professor de Disciplina do
Industrial Antônio Nogueira dos Santos (Seu
Nogueira)
e da Bondosa Mestra de Cozinha Dona
Aristania
Moraes dos Santos.
3-
Na sua casa são quantos irmãos/irmãs? Se possível cite os nomes?
Somos
nove, cinco homens e 4 mulheres no total: Francisco de Assis e Paulo
Nery (In memoriam), João Batista, Severino dos Ramos, Antônio
Anchieta, Maria das Graças, Maria da Penha, Francisca Maria e Eu.
4-
Quem é Dorotea Nogueira?
Uma
mulher guerreira, honesta e resistente as dificuldades da vida. Uma
artista negra de sangue nos olhos, e que não esmorece diante das
adversidades e preconceitos.
5-
Vida escolar: cite as escolas onde estudou da infância até a
Faculdade?
Tenho
formação superior completa. Minha vida escolar teve início no
Externato São Domingos Sávio, depois fui para a Escola Estadual
Solidônio Leite e Escola Irmã Elizabeth, o curso Ginasial eu
conclui na Escola Cornélio Soares. Então, fiz Estudos Sociais na
FAFOSPT, um tipo de licenciatura curta, posteriormente
complementada pela Licenciatura Plena em História pela AESET /
FAFOPST.
6-
Onde trabalhou/trabalha e por quanto tempo em cada local?
Trabalhei
na Secretaria da Escola Cornélio Soares por quase de 13 anos, em
seguida atuei na Creche Imaculada Conceição, Creche Sagrada Família
e no Colégio Municipal Cônego Torres, e completando o tempo para
aposentadoria na Escola Municipal José Rufino Alves, no bairro
Caxixola, ainda prestei serviços na Casa da Cultura e por um curto
período de tempo na Escola Municipal de Artes, no 1º andar do
Mercado Público.
7-
Sua veia artística é qual?
Meu
forte desde a infância é a arte da culinária, dom que herdei de
minha falecida mãe e que realizo
com esmero e orgulho. No tempo de escola fiz apresentações de
teatro e também cantava. Em
casa
me vestia de personagem e saia fazendo a alegria de crianças
e adultos com minhas estripulias,
depois deixei de lado. Após vencer um câncer de mama, adentrei nas
Artes Cênicas (teatro
e danças)
e Audiovisual (cinema
e vídeo)
e lá se vão mais de 10 anos de atuação em trabalhos de grande
porte como o “Massacre de Angico – A Morte de Lampião”,
“Milagre das Figuras de Barro”; o Filme de Longa Metragem “Sertão
de Sonhos”, os curtas “Bicho
de & Letras”, “A
Nova Cidade”, “Nova Iorque”, “Papo Amarelo – O Primeiro
Tiro”, “P.S.”, o documentário “Dorotea Nogueira: A
Cangaceira Rosa”, entre outros, e inúmeras
palestras e entrevistas, a maioria com essa personagem.
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8-
Em que ano e porque criou a famosa personagem “Cangaceira Rosa”?
No
ano de 2013. Trabalhando como atriz nos filmes e no Espetáculo “O
Massacre de Angico”, lá na estação do forró. Aí veio a
inspiração: criar uma personagem para alertar mulheres e homens
sobre a prevenção ao câncer de mama. Doença da qual fui
diagnostica em 2007,
passei por um tratamento de 5 anos e após esse período, me tornei
Embaixadora da Campanha de Alerta e Prevenção ao Câncer de Serra
Talhada para o mundo, com meu testemunho de vitória. Tendo nascido
no mesmo dia e mês (07/07) de Virgolino Ferreira, vulgo Lampião, me
inspirei no cangaço para criar uma personagem aguerrida e forte, foi
então que nasceu a “Maria Amiga do Peito”, uma cangaceira
vestida de rosa e branco, que são as cores símbolo da Campanha e
ganhei o mundo, levando uma mensagem de esperança e fé, pois o
câncer diagnosticado de forma precoce as chances de curas são bem
maiores. Alertar
as mulheres e os homens (sim, eles também desenvolvem a doença)
sobre a importância da prevenção e do autoexame, não somente, no
mês de outubro, mas todo o tempo, através de meu testemunho de
vitoriosa, o qual finalizo com seguinte frase: “Eu venci o câncer
e você também pode!”, torna-se bem importante.
9
– Faz parte de algum grupo ou coletivo artístico?
Sim,
da Equipe Teatral de Serra Talhada - ETEAST Produções.
10-
Em quantos e quais espetáculos de teatro e filmes já atuou?
Espetáculos
de teatro foram: “Geração Positivo”, “Crassicos do Circo”,
“A dona da Corte”, “Milagre das Figuras de Barro”, “O
Massacre de Angico – A Morte de Lampião”; já atuei no longa que
citei anteriormente e em nove curtas, além da participação em mais
de três dezenas de vídeos curtos para YouTube e redes sociais, sem
contar as inúmeras entrevistas.
11-
Conte-nos um fato curioso/peculiar/inusitado de sua vida?
Já
vivi e passei por vários fatos interessantes e curiosos (risos),
uma vez estava indo fazer a palestra em Boa Viagem, já trajada de
Cangaceira e fazendo fotos com os passantes. Devido a medicação
forte que tomei para o tratamento do câncer, meus dentes
enfraqueceram (hoje uso implantes) a caminho do local perdi um dente
e precisei improvisar um dente com chiclete para honrar o compromisso
e poder sorrir para pacientes e familiares presentes no evento. Outra
fato curioso, é que ainda em tratamento, eu estava numa festa
dançando com parceiro, neste dia usava a prótese de mama removível,
pois ainda não havia feito a reconstrução mamaria de silicone. No
movimento da dança, a prótese chegou a descer para cintura e
precisei desfaçar, pedir licença ao dançarino para ir ao banheiro
colocar o peito no lugar, então, voltei para o salão e a dança
continuou.
(risos)
12-
Que pergunta eu deveria ter feito e não fiz, faça, e responda?
Faltou
você perguntar se sofri preconceito no período que perdi a mama?
Sofri bastante preconceito. As pessoas pediam para eu vestir blusas
largas para disfarçar, e/ou usar a prótese removível que suava e
incomodava. Porém, nunca liguei para isso, estava feliz com o
tratamento, pois a vida vale mais. Minha preocupação com a estética
e certos padrões de beleza sempre foi zero.
13-
Que mensagem deixa para o(a)s leitore(a)s de nosso Blog?
A
vida é bela. Devemos aproveitá-la com intensidade e botar pra fora
o medo de ser feliz; nunca guarde algo que sente vontade de fazer por
medo, vá come medo e faça. Seja feliz e aproveite a vida, ela é
adversa, porém, passageira. Eu
venci o medo faz tempo, tanto é que já desfilei em três escolas de
Samba, sendo 2 no Rio de Janeiro e uma em São Paulo, e no Carro
Abre-alas do Galo da Madrugada, por isso afirmo: seja
feliz! Palavra de Dorotea Nogueira a Cangaceira
Rosa e Maria Amiga do Peito.